quinta-feira a ilustrada publicou um texto (junto com uma entrevista de tom morello) sobre o lançamento do primeiro álbum do audioslave, a banda formada por chris cornell e ex-membros do rage against the machine. *

a começar pelo (ridículo) título, "onde está bob dylan?", é óbvio que o ponto de vista não é absoluto; são as comparações, e não o disco em si, que ditam o tom da crítica. o que é pior, o autor da resenha ignora a lição número um para rock aficionados: dizer que algo parece led zeppelin ou black sabbath raramente é esperto ou mesmo acertado; pelo contrário, demonstra pouco conhecimento de causa – e a estupidez aparece duas vezes (três, contando com a entrevista).

o filé da má crítica se encontra no trecho particularmente ofensivo: "nem rage against the machine nem soundgarden acabaram. só fizeram, juntos, um dos melhores álbuns de rock do ano." enfiar o nome do soundgarden no meio é enganoso, não faz sentido. além de que, da última vez que eu chequei, cornell não representava mais que um quarto da sua ex-banda. note, também, que o mesmo jornalista avaliou o disco novo dos foo fighters como regular, sob a justificativa de que o lugar de dave grohl "é mesmo na cozinha".

como o leitor com meio cérebro terá percebido, poucos críticos hoje em dia entendem mesmo de arte (ou música, especificamente); interessam-se mais por coisas como cultura pop, história do rock, celebridades. infelizmente, nem isso conseguem levar a sério.

ainda não posso dizer muito sobre o disco, mas a uma música decente, das gravações que vazaram para a internet tempos atrás, não dá pra lamber as botas de qualquer coisa que o soundgarden tenha feito. triste que seja esse o cavalo de batalha do hard rock pra criançada geração mtv-kids.